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Cerâmica Belém: forte, respeitada e arrojada em 40 anos

Em um segmento onde é comum a produção artesanal, a empresa diferencia-se por sua tecnologia e inovações que adota

Publicado: 21/01/2019 às 17h09
Atualizado: 21/01/2019 às 17h22

Laércio Miranda e a sua grande equipe de funcionários sempre motivados ao trabalho. – Foto: Divulgação

Muitas empresas reclamam da crise, outras reduzem o ritmo, demitem colaboradores e inibem investimentos. Este, no entanto, não é o caso da Cerâmica Belém, de Ji-Paraná, que está prestes a inteirar 40 anos de existência no próximo dia seis de abril e seu ritmo segue intenso. Segundo seu fundador, Laércio Soares de Miranda, um mineiro de Caratinga, nunca a empresa vendeu tantos tijolos como no ano passado. Além disso, a empresa acaba de acionar um sistema composto por painéis fotovoltaicos para geração de energia com a luz solar, a partir de um investimento que beirou dois milhões de reais.

No pátio milhões de tijolos aguardam a queima nos fornos – Foto: Divulgação

A vitalidade da Cerâmica Belém é um espelho da tenacidade do seu criador. Aos 68 anos ele sempre chega ao trabalho por volta das cinco horas da manhã e já sai percorrendo os galpões que hoje somam 15 mil m2 de área construída. No mesmo ritmo, o dia começa também cedo na Belém: às sete da manhã o vai-e-vem de tratores, empilhadeiras e caminhões já é intenso. São 45 funcionários que diariamente dão vida a uma estrutura muito bem equipada e das mais modernas do estado de Rondônia.

Mais de 60 itens são oferecidos ao mercado atualmente, dos tijolos tradicionais de 6 a 16 furos até os modelos arredondados para colunas, balcões e churrasqueiras. Também saem da linha de produção elementos vazados, lajes pré-moldadas para forro, tijolos maciços, tijolos para pisos e canaletas.

Nos fornos, que funcionam 24 horas, são fabricados todos os dias, algo em torno de 20 mil tijolos, o que totaliza a expressiva produção de 600 mil milheiros por mês; e no pátio 800 mil milheiros de unidades de tijolos estão sempre secando para serem queimados e depois encaminhados aos clientes.

O empresário com máquinas sofisticadas na linha de produção. – Foto: Divulgação

DE VOLTA À ESCOLA

A Cerâmica Belém conta atualmente com um parque de máquinas que soma R$ 1,2 milhão de reais. O investimento feito em painéis fotovoltaicos para economizar energia solar foi o maior já realizado por uma empresa do ramo de cerâmicaem toda a região Norte do País. Com isso, a conta de luz já vem despencando dos outrora R$ 30 mil para algo em torno de apenas R$ 5 mil mensais.

Nada mal para alguém que, como o sr. Laércio, aprendeu a ler bem somente aos 48 anos.“Eu comecei aqui amassando o barro na enxada e batendo tijolo na forma de madeira. Nunca imaginei que chegaria a tudo isso”, revela Laércio, lembrando de quando fazia de alguns tijolos o seu travesseiro enquanto cuidava de alimentar o forno durante toda a noite.

Eu comecei aqui amassando o barro na enxada e batendo tijolo na forma de madeira. Nunca imaginei que chegaria a tudo isso.

FAMÍLIA DEDICADA 

Os filhos Elson e Edelson Soares Rodrigues e Laércio Guimarães Miranda, além do sobrinho Júlio César Miranda, já se encarregam de tocar a empresa ocupando vários cargos estratégicos. Os netos Pedro, de 14 anos, e Vinícius, de 15 anos, estão sempre por lá e também vão recebendo lições importantes do avô sobre como tocar a empresa, construída com esforço, mas sobretudo com parcerias fortes e muito zelo. Some-se a isso a persistência inabalável de Laércio Soares de Miranda, um empresário de simplicidade surpreendente, amigo de todos, mas de visão empreendedora sofisticada e sólidas convicções pessoais.

UMA TRAJETÓRIA ERGUIDA TIJOLO A TIJOLO

Com as mãos no volante de um caminhão Chevrolet 1965, com oito burros na carroceria, Laércio Soares de Miranda chegou à Vila de Rondônia precisamente em 21 de abril de 1972 para gerenciar uma olaria, plano que não vingou. Em pouco tempo o dinheiro que trazia consigo já tinha acabado e Vila de Rondônia não contava com telefone público, que permitisse contato com a família em Mato Grosso. E então, o que fazer?

Trabalhando com a família, um dos pilares e da força. – Foto: Divulgação

Resignado, ele passou a dormir em uma choupana de palha de coqueiro, em um terreno no bairro Casa Preta e as refeições diárias (almoço, merenda e jantar) foram, muitas vezes, um simples arroz com pimenta. A situação estava mesmo difícil, até que recebeu um chamado da Cerâmica Vera Cruz. Ele não sabia, mas a sua história começaria a partir daí.

Nesta olaria permaneceu por nove anos e o espírito empreendedor já se fez notar. Com outros dois sócios, compraram em 1981 a Cerâmica Belém. “Eu tinha 25%, outro tinha também 25% e o terceiro sócio tinha 50%. Depois, em 1984, acabei comprando tudo e fiquei dono sozinho”, revela Laércio. De dia, como empregado, ele permanecia na Cerâmica Vera Cruz e toda noite rumava para sua nova empresa, onde queimava tijolos, enfornava, desenfornava e depois os queimava para, então, vendê-los. Esta rotina durou um ano.

Eu tinha 25%, outro tinha também 25% e o terceiro sócio tinha 50%. Depois, em 1984, acabei comprando tudo e fiquei dono sozinho.

GARIMPO

Laércio Miranda, proprietário da Cerâmica Belém em Ji-Paraná. – Foto: Rul.com.br

Como os negócios não iam lá muito bem, foi para o garimpo de cassiterita, em Ariquemes, onde ficou dois anos. Em 1986, resolveu voltar para reassumir a Cerâmica Belém e ainda adquiriu outra, em Presidente Médici. Os negócios agora iam melhor até que, em 1986, com a implantação do Plano Cruzado, nova surpresa: quase foi à falência com as empresas. No entanto, movido de grande determinação, reequilibrou-se e resgatou a saúde financeira das empresas.
Porém, apesar dos negócios desenvolvidos ele ainda carregava uma frustração: aos 48 anos ele ainda não sabia ler bem, problema logo sanado com um professor particular e as aulas do Telecurso 2000, esforços que lhe deram os diplomas do primeiro e do segundo grau.

EVOLUÇÃO

Em quatro décadas, Laércio viu seu negócio progredir e consolidar-se. Neste período casou-se duas vezes e tornou-se pai de cinco filhos, avô de quatro netos e até bisavô. Hoje, aos 68 anos, além da família sólida, orgulha-se de ter feito uma grandiosa organização, cujo parque de máquinas compõe uma das melhores estruturas fabris de Rondônia no ramo cerâmico, inovadora e arrojada, qualidades que o mantém em destaque em seu segmento em todo o estado de Rondônia.

A foto aérea mais recente registrada neste ano de 2019. – Foto: Divulgação

A nova fachada da empresa acaba de ser inaugurada. – Foto: Divulgação

Os painéis fotovoltaicos dão autonomia total de energia. – Foto: Divulgação

OS NEGÓCIOS E A BELA A AMIZADE AO LONGO DO TEMPO

Edivaldo Pereira, proprietário da Still Materiais de Construção

Edivaldo Pereira de Carvalho, paranaense de Santa Cruz de Monte Castelo, é proprietário e diretor da Still Materiais de Construção desde maio de 1998. Ele é cliente da Cerâmica Belém há 29 anos e trabalha com toda a linha de tijolos, elementos vazados e pisos.Edivaldo ressalta que durante estes quase 30 anos, foi construído um vínculo de confiança muito forte com a Belém. “Esta parceria entre nossas empresas se mantém e está fortalecida porque o Laércio tem inovado e a cada pouco apresenta novidades ao mercado”, declara Edivaldo.

Edivaldo Pereira, proprietário da Still Materiais de Construção. – Foto: Divulgação

Edson Santana Soares, um baiano de Itaberaba e proprietário do Lojão das Tintas de Ji-Paraná, é cliente da Cerâmica Belém há 24 anos. Ele se recorda que, no início, não tinha capital para o primeiro pedido, mas bastou um telefonema para tudo ficar resolvido. “Dali a pouco, o caminhão com o primeiro carregamento de tijolos estava encostando para descarregar. O Laércio é uma pessoa na qual a gente pode confiar e que tem muito respeito pelos seus clientes”, reforça Edson. O Lojão das Tintas, fundado em 1994, é um dos parceiros mais fiéis e antigos da Cerâmica Belém.

Por Marcos Look

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