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Fábrica de rações atenderá 50 produtores da região

Na outra ponta, o grupo está destinando R$ 20 milhões para construir sua primeira fábrica de rações. As obras civis estão adiantadas..

Publicado: 05/04/2015 às 03h30
Atualizado: 29/04/2015 às 06h38

José Luiz com o peixe “totalmente puro” de Rondônia

José Luiz com o peixe “totalmente puro” de Rondônia

Na outra ponta, o grupo está destinando R$ 20 milhões para construir sua primeira fábrica de rações. As obras civis estão adiantadas e a unidade deverá iniciar suas operações até outubro. Com capacidade para 100 mil sacas por mês, a fábrica atenderá a 50 grandes produtores da região que abastecem o frigorífico. “Nossa ração será específica para o tambaqui, algo que ainda não existe no mercado”, confirma Weberton.

A instalação de novas plantas industriais mostra uma tendência: a procura dos consumidores por cortes que valorizam o tambaqui produzido em Rondônia, e que se reflete no crescimento anual acima de 20% na produção de peixes em Ariquemes e região.

Com maior valor agregado, é natural que surjam investimentos e isso deverá provocar um aumento significativo em curto espaço de tempo. “A capacidade atual de industrialização do Estado, de 15 toneladas diárias, deverá saltar para aproximadamente 50 toneladas até o final deste ano”, estima Jenner Bezerra de Menezes, diretor de projetos da empresa Biofish.

“Estamos ajudando a fortalecer o ‘case’ do tambaqui de Rondônia, único Estado que produz o peixe totalmente puro, sem mistura com outras espécies, como acontece por exemplo em Goiás, Amazonas e Roraima”, acrescenta Weberton Mello, da Zaltana Pescados.

Comercialização na Feira da Panair

Os peixes viajam quatro dias a bordo de dezenas de pequenos barcos, como o “Herói de Guerra”, do pescador manauara Antônio Fontão do Nascimento, que partiu em meados de fevereiro do porto do Cai n’Água, em Porto Velho, rio Madeira abaixo, com uma carga de 20 toneladas de tambaquis. “São 10 anos nessa lida”, garante.

Os peixes seguem inteiros e refrigerados, sem congelar. Nas bancas de mercados populares de peixes em Manaus, como a Feira da Panair, os tambaquis são vendidos in natura, inteiros e sem gelo. “No máximo, se joga um pouco d’água de vez em quando para os peixes ficarem mais reluzentes”, explica o comerciante Edvaldo Rodrigues, que trabalha há 18 anos no mercado de peixes. “Manaus é a capital mundial do tambaqui”, afirma Raimundo Nonato Souza Pereira Costa, superintendente federal de Pesca e Aquicultura do Amazonas. Segundo ele, cada cidadão manauara consome em média 62 quilos de peixe por ano. “Nos 12 frigoríficos de peixes do Amazonas são produzidas perto de 200 toneladas por ano”, calcula.

Produto com mais praticidade

O tambaqui industrializado segue congelado em cortes especiais, sem espinhas e fáceis de preparar. Os bares e restaurantes das grandes cidades oferecem o petisco como a costelinha do tambaqui, em casa as pessoas gostam do churrasco feito com a banda do peixe e no dia-a-dia a opção é pelo filé e a costela do tambaqui, que são fáceis de preparar e o que é melhor, sem espinhas.

O preço de toda essa qualidade tem sido atrativo para os consumidores, que pagam cerca de R$ 17 pelo quilo de tambaqui congelado em cortes especiais na gôndola dos grandes supermercados. Já o pirarucu custa cerca de R$ 25 o quilo e ainda tenta encontrar a fórmula do sucesso do tambaqui. “O tambaqui já é um case de sucesso, enquanto o mercado para o pirarucu ainda se mantém morno”, garante Jenner Bezerra, da Biofish.

Em Ariquemes, são produzidas mais de oito mil toneladas de peixe em cativeiro por ano, em mais de 1.350 hectares de áreas alagadas. O município é campeão na produção de peixes em cativeiro no Estado, seguido por Urupá, com 5,5 mil toneladas; Mirante da Serra, com pouco mais de 5 mil toneladas; e Cujubim, acima das 4,3 mil toneladas, segundo estimativa da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental (Sedam).
Além do peso, há outros fatores que influenciam no preço final pago ao produtor, como a origem do comprador e a quantidade comercializada.

Pescador manaura Antônio Fontão parte com 20 toneladas

Pescador manauara Antônio Fontão parte com 20 toneladas

Período da quaresma

No período que antecede à Páscoa, conhecido como Quaresma, a compra de alevinos de tambaquis é intensificada no estado de Rondônia.
Especialista na produção de alevinos, Megumi Yokoyama, de Pimenta Bueno, calcula que deverá comercializar aproximadamente oito milhões de alevinos durante os próximos três meses.

“A Semana Santa é sempre uma época especial”, diz o criador, popularmente conhecido como “Seu” Pedrinho.
Em sua propriedade, são vendidas espécimes de 60 a 70 dias de vida, com medidas entre cinco e seis centímetros, ao custo de R$ 180 o milheiro. “Alevinos com essas dimensões têm apresentado melhores resultados e um índice de sobrevivência maior”, explica “Seu” Pedrinho, adiantando que “não vai faltar peixe para o consumidor na Semana da Páscoa”.

Na Semana Santa é a época em que a venda é intensificada

Na Semana Santa é a época em que a venda é intensificada

Reflexo do mercado de manaus

Até 2011, o mercado consumidor de Manaus (AM) era responsável pela compra de aproximadamente 80% de todo o pescado produzido em Rondônia. Os outros 20% acabavam sendo consumidos pelos rondonienses. Mas, a partir de 2012, começou a ocorrer um acirramento na concorrência pelo importante mercado manauara.

Houve um grande aumento no volume de pescados produzidos dentro do próprio estado do Amazonas e de outros estados, como Roraima e Tocantins. Além disso, a produção de Rondônia começou a crescer. Com o aumento na oferta, houve um movimento de redução nos preços pagos pelo peixe rondoniense em Manaus, principalmente o tambaqui.

Em resposta, o governo do Estado instituiu uma política de abertura de novos mercados em outras regiões. Assim, gradualmente, os produtores rondonienses passaram a contar com novas opções para comercializar sua produção. O pescado de Rondônia voltou a ser valorizado, mesmo com o grande aumento verificado na produção. Como resultado, o consumidor manauara continua sendo muito importante, mas a dependência do mercado de Manaus vem diminuindo ano após ano.

Nelore nas águas

Em média, os valores pagos pelo quilo do tambaqui retirado dentro da fazenda variam entre R$ 3,50 a R$ 5,50 o quilo do peixe in natura. Já o quilo do pintado retirado dentro da fazenda está hoje entre R$ 6,50 e R$ 6,80 em média. O pirarucu tem alcançado o valor médio de R$ 8,50 o quilo pago ao produtor. “O tambaqui, conhecido como o nelore das águas, predomina com 80% a 90% das vendas, e o pintado com cerca de 10% a 20% do volume total, também com bom desempenho. Já o mercado do pirarucu ainda está morno”, analisa Jenner.

Peixeiro

  •  De Porto Velho são despachadas semanalmente para os mercados de Manaus, duas mil toneladas de peixe. A grande maioria dessa carga, perto de 90%, é de tambaqui. O restante é das espécies pintado e pirarucu.“O tambaqui de Rondônia é muito apreciado pelos manauaras”, diz Wilson Guerino Bertoli, que há mais de 12 anos abastece o mercado amazonense. Wilson “Peixeiro”, como é conhecido o atacadista, negocia cerca de 400 toneladas de peixes mensalmente, a maioria tambaqui, com os compradores do Amazonas. A cada 30 dias, cerca de oito mil toneladas de peixe saem de Porto Velho com destino a Manaus, para 20 compradores diferentes.

Cultural 

  • Na banca o tambaqui inteiro, de cinco quilos em média, custa entre R$ 40 e 60. Os manauaras também consomem o pirarucu seco e salgado, que custa de R$ 20 a 30, o quilo, imitando o bacalhau português. “Não sei preparar o pirarucu de outra maneira”, admite o consumidor Nilton Cerdeira da Costa. No mercado Adolpho Lisboa, construído em estilo francês, e frequentado por turistas estrangeiros que chegam a bordo de navios de cruzeiro, os peixes estão sobre prateleiras de aço. Mesmo assim não existe gelo nem câmara frigorífica. “É cultural. O manauara prefere assim”, diz o comerciante Nelson Pereira da Silva. Aos poucos, os empresários tentam mudar essa mentalidade. “Estamos inserindo o tambaqui congelado, sem espinhas, nas gôndolas dos grandes supermercados de Manaus, da mesma forma que já fazemos nas principais capitais”, sugere Weberton, do Zaltana.

 

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