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Aplausos falsos e vãos

A Grécia passava por um período de decadência quando Fócio, em pronunciamento na Assembleia, criticou com veemência a sociedade local..

Publicado: 11/11/2014 às 15h45
Atualizado: 28/04/2015 às 03h15

A Grécia passava por um período de decadência quando Fócio, em pronunciamento na Assembleia, criticou com veemência a sociedade local por seus costumes e seu egoísmo. Imaginava violentas reações, inclusive a deportação, surpreendendo-se com prolongados aplausos. Confuso, indagou de um amigo: “teria eu dito alguma asneira?”

Assim terá acontecido no palácio da Alvorada, na noite de quinta-feira, quando a presidente Dilma reuniu as bancadas, os governadores e os ministros do PT. Viu-se muito aplaudida, na saudação aos companheiros, faltando alguém ao lado para ouvir sua pergunta: “o que falei para receber tanto apoio, quando minha intenção foi chamá-los à realidade e à razão?”

Só a ambição e o sabujismo explicam a reação do PT, hoje transformado num conglomerado insosso e disforme, unido faz pouco em torno da reeleição, mas de novo perdido no cipoal de pretensões fisiológicas. Com as exceções de sempre, garantida que foi a permanência no poder, o partido parece longe das exortações de quinta-feira feitas pela presidente a respeito de preparar-se para mudanças de concepção e de metas, capazes de mudar a complicada relação do partido com o governo. Porque entre os petistas prevalece a obstinação de se aproveitarem das benesses do novo governo para satisfação de seus interesses pessoais. Importa repetir, com as exceções de sempre.

Dos que permaneceram no Congresso e nos governos estaduais, aos que foram eleitos pela primeira vez, uma preocupação maior os domina: ocupar estruturas grandes e pequenas do poder, sem propostas para desmanchar os graves nós que estrangulam os caminhos para o desenvolvimento nacional. Do PT não tem partido sugestões para a economia voltar a crescer, a sombra da inflação ser afastada, os investimentos retomados, a corrupção combatida e as instituições, reformadas. Não é com eles, os companheiros, mudar o Brasil. Pelo contrário, empenham-se para que continue o mesmo, paraíso de nomeações, contratos superfaturados, negócios intermediados e facilidades de toda ordem para perpetuar sua prevalência política.

Tenha a presidente Dilma percebido ou não as intenções de seu pano de fundo, esteja ela sendo sincera ou não, a verdade é que seu projeto de mudanças despertou apenas aplausos, mas nenhum apoio real para concretizá-las, poderão posicionar-se contra ou a favor da reforma política, do plebiscito ou da Constituinte Exclusiva, hipóteses remotíssimas que servem apenas para enxugar gelo.

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