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Áreas de pastagem aumenta significadamente em décadas

Na pecuária a área de pastagem aumentou significativamente nas últimas décadas, atingindo cerca de 100 milhões de hectares

Publicado: 16/07/2017 às 05h55

A agropecuária é um segmento econômico muito importante para o País, colabora significativamente na balança comercial e gera milhares de empregos diretos e indiretos, fato que interfere no setor social inclusive. Mas não só de louros vive o setor. Técnicos e produtores rurais vem se deparando com problemas que não existiam e outros que não tinham influência econômica no negócio.

Na pecuária a área de pastagem aumentou significativamente nas últimas décadas, atingindo cerca de 100 milhões de hectares, principalmente com a utilização de espécies e cultivares de Brachiaria e Panicum. O pesquisador Teixeira Neto em 2000, cita que 60% deste total era estabelecido com Brachiaria brizantha cv. Marandu, conhecido como braquiarão ou brizantão.
Essa grande expansão das áreas de braquiarão ocorreu pela grande oferta e pela qualidade das sementes desta espécie forrageira, a sua rapidez na implantação, a persistência deste pasto em várias regiões, a boa capacidade de competir com as plantas indesejáveis (principalmente as ervas daninhas, brotos e juquira) e a qualidade nutricional do braquiarão.

Morte súbita do braquiarão em Rondônia

Morte Súbita do Braquiarão não é recente

A morte do braquiarão não é recente, mas somente nestes últimos 10 anos é que os produtores e pesquisadores se atentaram aos sintomas de amarelecimento, murchamento, seguido de morte de touceiras do deste capim. Os prejuízos econômicos tornaram-se significativos, principalmente pela restrição de derrubada e formação de novas áreas na região Norte do país.

Estudos realizados constataram que o problema da morte do braquiarão apresentava causa complexa, conforme informes de vários pesquisadores, de várias instituições e diversas áreas de atuação, inclusive da Embrapa. Foram citados como causas os progressivos processos de degradação ambiental, o uso contínuo das pastagens de forma extrativista sem nenhum tipo de manutenção, estresse hídrico na época da seca em solos arenosos, problema de perda da fertilidade natural do solo, excesso de umidade no período chuvoso, ataque de diversos fungos de raízes, alta população da cigarrinha vermelha da cana-de-açúcar do gênero Mahanarva e principalmente o monocultivo de B. brizantha cv. Marandu na região Norte e Centro-Oeste do País, regiões que apresentam o problema da “morte súbita do braquiarão”.

A questão do monocultivo já havia sido relatada em 1999, pelo Dr. Judson Ferreira Valentim da Embrapa/Acre, que mencionava que 75% das pastagens do Acre era implantadas com o capim braquiarão. Em 1994 foram registrados os primeiros casos da síndrome da morte do braquiarão no Acre. A partir de 1998 começaram a ser relatados em várias regiões, principalmente na Região Norte, o amarelecimento e a mortalidade de plantas do braquiarão.

De acordo com a Embrapa/Acre naquela região não houve problemas relacionados com a cigarrinha vermelha e nem problemas com a seca prolongada em regiões de solos arenosos. O maior problema da morte súbita do braquiarão foi observado em solos de baixa permeabilidade, durante os meses de chuvas mais intensas.

O excesso de água provoca a saturação do solo, se a drenagem está comprometida pela impermeabilidade e compactação, comprometem o desenvolvimento normal das plantas de braquiarão. Em solos com uma melhor permeabilidade, ou seja, com teores maiores de areia, a morte do braquiarão dificilmente ocorrerá, pois não há acúmulo de umidade no solo, mas os baixos índices de fertilidade destes solos comprometem a produção do braquiarão.

As primeiras manifestações da síndrome da morte do braquiarão (amarelecimento das plantas) inicia nas áreas mais baixas, nos locais de escoamento de água das chuvas ao longo dos declives e em depressões naturais do terreno sujeitas ao encharcamento.

Quando as chuvas diminuem com o início do período seco, ocorre uma melhor aeração do solo e consequentemente a rebrota de algumas touceiras a partir das gemas basais. Mas, várias touceiras não rebrotam pois morreram devido ao encharcamento do solo. Este processo se repete a cada ano, há uma redução progressiva da área ocupada pelo braquiarão, ocorre um favorecimento para a infestação por plantas indesejáveis (por exemplo as ervas daninhas) e isso dá início à degradação desta área.

Causas e fatores da morte do Braquiarão

O encharcamento do solo causado pela má drenagem debilita as plantas do braquiarão. Essa má drenagem pode ocorrer por excesso de água no solo e também pela característica física do solo da região, que apresenta alta porcentagem de argila e silte.
Em condições de estresse de umidade, as plantas de braquiarão sofrem um desbalanço fisiológico, acumulando, principalmente açúcares solúveis nas raízes, que sofrem fermentação e exsuda etanol pelas raízes que que atraem os zoósporos de fungos. Esse desbalanço afeta diretamente o metabolismo de defesa da planta.

A condição de encharcamento provoca uma deficiência de oxigênio no solo, provocando diversas alterações fisiológicas e morfológicas, que contribui também para diminuir a resistência das plantas aos ataques de fungos.

O encharcamento provoca todas essas debilidades que deixam as plantas vulneráveis aos ataques de fungos dos gêneros Rhizoctonia, Fusarium e Pythium.

Outro fator a ser considerado é o mau manejo da pastagem, no caso do próprio braquiarão, que devido ao superpastoreio predispõe o solo a uma compactação pelo pisoteio animal, expõe o solo descoberto ao impacto direto das gotas das chuvas, que compromete a capacidade natural de drenagem do solo, consequentemente favorece o encharcamento.

Opções de espécies forrageiras mais adaptadas

Na Região Norte a alternativa para estas áreas degradadas pela morte do braquiarão é a reforma destes piquetes. Deve-se utilizar nesta reforma espécies forrageiras mais adaptadas às condições de má drenagem do solo, tais como:

– Brachiaria humidicola cv. Humidícola – humidícola
– Brachiaria humidicola cv. Llanero – dictyoneura
– Brachiaria brizantha cv. MG-5 Vitória – MG-5
– Panicum maximum cv. MG12 Paredão – paredão
– Panicum maximum cv. Mombaça – Mombaça – Setaria sphacelata cv. MG11 Tijuca – tijuca

A solução não consiste em apenas substituir a espécie forrageira degradada, é necessário que o manejo destes pastos seja corrigido, seja respeitada a altura de pastejo, permitir que as plantas forrageiras tenham um período de descanso para se recuperar do pastejo, corrigir e fertilizar o solo de acordo com os resultados das análises, etc.

Em locais onde não é possível a identificação dos locais com problema de drenagem, recomenda-se a mistura de 2 kg/ha de sementes de humidícola com as sementes de MG-5 Vitória, em solos de média fertilidade; ou com a MG12 Paredão ou Mombaça, em solos de melhor fertilidade. Em solos de pouca fertilidade, a opção é o plantio de humidícola, dictyoneura ou a MG11 Tijuca.

O uso de leguminosas também é indicado, pois estas espécies auxiliam na descompactação do solo. As plantas de leguminosas possuem raízes pivotantes que atuam como descompactador natural do solo. Para a Região Norte é recomendado leguminosas como a puerária e o amendoim forrageiro Belmonte, que têm apresentados bons resultados em consorciação com as gramíneas forrageiras.

Presença de ninfas da cigarrinha na base da planta

Cigarrinhas na Pastagem

Este inseto tem sido a principal praga das pastagens no Brasil. Na região do Cerrado, implantada intensamente com a Brachiaria decumbens cv. Basilisk, conhecida como braquiarinha, nos anos 50, desencadeou a disseminação deste inseto nesta região. As cigarrinhas das pastagens Deois flavopicta (“flamenguista”) e a Entrezulia entreriana (‘corintiana’) atacaram brutalmente esta pastagem, que se comportou como planta altamente susceptível ao ataque deste inseto, causando a morte de centenas de hectares e prejuízos imensuráveis.

Nos anos 80 foi lançado comercialmente pela Embrapa a Brachiaria brizantha cv. Marandu (braquiarão) que se mostrou altamente resistente ao ataque destes insetos, se tornando assim uma das melhores opções contra esta praga.

Assim, houve uma grande disseminação das cigarrinhas das pastagens em todo o Brasil e em igual quantidade a disseminação do plantio desta ‘nova’ forrageira resistente ao ataque destes insetos.

Com o advento da cultura da cana-de-açúcar em várias regiões brasileiras, apareceu uma nova praga, a cigarrinha vermelha ou a cigarrinha da cana, chamada cientificamente de Mahanarva fimbriolata. Esta nova cigarrinha, além da cana de açúcar, começou a atacar todas as pastagens, inclusive o braquiarão, que igual às demais espécies forrageiras comportou-se como planta susceptível ao ataque desta praga.

Controle

O controle destas cigarrinhas pode ser feita de diversas maneiras e consequentemente com diversos custos financeiros.
Uma das opções é o controle biológico utilizando os bioinseticidas à base de diversos fungos, como é o caso de Metarhizium spp.Neste caso deve-se utilizar bioinseticidas de boa qualidade, que contenham esporos ativos do fungo, utilizar equipamentos de pulverização extremamente limpos, utilizar volume de calda acima de 400 litros/hectare, aplicar com as pastagem com boa oferta de forragem, com umidade relativa do ar acima de 60% e nas horas mais frescas do dia e a aplicação deverá ser feita em faixas.

Outra alternativa é o controle químico feito com inseticida à base de Tiametoxam + Lambda Cialotrina. Neste caso o volume de calda também deverá ser acima de 350 litros/hectare. A recomendação é que a aplicação deste produto ocorra no início de período chuvoso.

Por fim a última recomendação é utilizar espécie forrageira resistente ao ataque deste insetos, Neste caso a recomendação é o plantio em áreas infestadas com cigarrinha, principalmente a vermelha, do Panicum maximum cv. MG12 Paredão que não sofre esse ataque. As plantas desta cultivar possuem joçal, que são pelos extremamente duros, na base de seus talos (20cm), que impedem o ataque da cigarrinha.

Pulgãozinho nas folhas de braquiária

Percevejo das Pastagens ou Pulgãozinho

Trata-se de um inseto descoberto em 1975 em Minas Gerais que atacavam pastos de tanner grass, angola e tangola. Foi classificado como Blissus leucopterus, mas insetos capturados e enviados para análise de identificação, foram classificados como Blissus antillus.

Independentemente da classificação correta do inseto, diversas pastagens, principalmente nos Estados do Norte do Brasil, sofreram ataques deste inseto, com sintomas parecidos com aqueles provocados pela seca intensa. Os pastos amarelecem, secam as folhas e diversas plantas morrem. O ataque ocorre em faixas, matando qualquer pastagem que houver. Os danos são provocados pelos adultos e as formas jovens do inseto que sugam as plantas e injetam toxinas.

Não existe nenhuma espécie forrageira resistente ou tolerante ao ataque deste inseto, limitando portanto, o controle químico com inseticida, pois produtos biológicos conhecidos não tiveram eficácia comprovada.

A indicação é o uso de inseticida à base de Tiametoxam + Lambda Cialotrina, neste caso também deve-se utilizada um volume de calda de aplicação acima de 300 litros por hectare.

Por Assessoria

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