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Autônomos se reinventam para manter a renda durante o isolamento

Quarentena imposta para prevenir a propagação do coronavírus atingiu muitas pessoas que lutam pelo sustento sem emprego formalizado

Publicado: 28/03/2020 às 11h51

Todos os dias, Alfredo Neto, de 25 anos, prepara brigadeiros para vender nas ruas. Sem a família, ele veio da Bahia a Brasília, e essa foi a forma que encontrou para ganhar a vida na capital federal. Contudo, devido à quarentena imposta para prevenir a proliferação do novo coronavírus, o jovem ficou sem renda.

Alfredo conta que durante as últimas semanas as vendas caíram consideravelmente. Segundo ele, não há muitas pessoas pelas ruas da cidade, e as que transitam por alguma necessidade ficam com medo de qualquer contato físico. Assim, ele precisou se reinventar.

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O jovem decidiu recorrer aos aplicativos de entrega de comida como ganha-pão. “Eu já tinha trabalhado com isso há algum tempo. Então, pedi a bicicleta emprestada para uma amiga, consegui um carregador portátil e também peguei a mochila com um conhecido que parou de trabalhar com isso”, contou.

Apesar de ser uma maneira de garantir as contas pagas no final do mês, ele precisa enfrentar o medo de se contaminar com o coronavírus durante as entregas.

“Tenho que escolher as contas a pagar”
A história se repete com dezenas de pessoas que antes tinham renda fixa e, agora, foram afetadas pela crise agravada pelo isolamento. Além de Alfredo, Igor Pereira, de 23, enfrenta dificuldades. Ele é tatuador autônomo e demonstra preocupação com o período de quarentena.

“Meu trabalho exige contato com outra pessoa. Eu estou tendo que escolher as contas para pagar, as mais importantes. Às vezes preocupado com o dia de amanhã, se vou conseguir fazer as compras do mês e se eu vou conseguir comer. Moro com a minha irmã, a tatuagem é a minha única fonte de renda”, conta.

Igor também achou uma forma alternativa para se sustentar. “Eu estou tentando manter minha renda com planos futuros. Marco o cliente para uma data em que acho que a quarentena já vai ter acabado e peço metade do valor como depósito e, quando chegar no dia agendado, vou receber a outra parte. Também estou tentando vender quadros”, disse.

“Mal necessário”
O jornalista e designer gráfico Jarbas de Morais Júnior, de 28 perdeu todos os contratos previstos com um grupo de panificadoras e TVs corporativas. Segundo ele, a justificativa das empresas foi de que “não estavam nem podendo arcar com as contas do mês” devido à quarentena. O profissional, então, ficou sem renda.

“Na primeira semana, durante o período de ‘conscientização’, eu não imaginava que haveria consequências tão rápidas, pois as empresas para as quais eu produzia os materiais, me solicitaram muitas peças. O baque veio quando, de uma só vez, todos pediram o congelamento dos contratos”, disse.

Mesmo tendo perdido o emprego, Jarbas pode contar com o apoio dos pais. Para ele, o isolamento é um “mal necessário”. “Neste momento, me importo muito com minha saúde e todos do meu convívio. Quando isso passar, vou correr atrás do prejuízo”, finalizou.

Impasse
Enquanto o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), defende que a quarentena seja imposta apenas para idosos e pessoas com comorbidades, governadores rechaçam a ideia. Para o chefe do Executivo, a medida atrapalha a economia do país.

Em contraponto, líderes das unidades federativas entendem que o isolamento deve perdurar, com base em recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Fonte: Metrópoles

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