No dia 15 de novembro, o Brasil celebra o Dia da Proclamação da República, um marco histórico que definiu o fim da monarquia no país. Nesta data, em 1889, militares liderados pelo Marechal Deodoro da Fonseca executaram um golpe contra o imperador Dom Pedro II, dando início à República no Brasil após 67 anos de domínio da Família Real portuguesa.
Oficialmente, a proclamação foi anunciada por José do Patrocínio, vereador na época. Dois dias após o golpe, a Família Real retornou a Portugal, enquanto Marechal Deodoro assumiu a presidência do Brasil, sendo o primeiro presidente do país. Durante seu mandato de dois anos, Deodoro implementou mudanças significativas, como a instituição do primeiro Código Penal Brasileiro, a separação entre Igreja e Estado, o casamento civil e a secularização de cemitérios.
O feriado de 15 de novembro foi oficializado em 2002, por meio da Lei n.º 10.607/02, que regulamenta os feriados nacionais no Brasil.
Motivos da Proclamação da República
A transição da Monarquia para a República no Brasil foi influenciada por três grupos principais: militares, a Igreja Católica e fazendeiros. Cada um deles estava insatisfeito com o governo de Dom Pedro II por diferentes razões:
Militares: O Exército Brasileiro ansiava por melhorias nas condições de serviço, especialmente após a vitória na Guerra do Paraguai, buscando também o direito de expressar opiniões políticas publicamente. Baseados na ideologia positivista, acreditavam que somente a República permitiria a modernização do país.
Igreja Católica: O conflito surgiu quando o papa Pio IX ordenou a excomunhão de membros da maçonaria, grupo do qual faziam parte alguns membros do governo de Dom Pedro II, resultando no declínio do apoio clerical ao imperador.
Fazendeiros: Os cafeicultores, insatisfeitos com as leis favoráveis à abolição gradual da escravidão, como a Lei Eusébio de Queirós (1850) e a Lei Áurea (1888), voltaram-se contra Dom Pedro II após a abolição definitiva da escravidão no Brasil.
O poder político desses grupos, somado à crise econômica, contribuiu para a queda de Dom Pedro II em 1889.
Curiosidade Histórica
Marechal Deodoro da Fonseca buscou instituir mudanças nos símbolos nacionais, incluindo um novo hino. Em 1890, foi realizado um concurso para escolher a nova composição, que acabou sendo rejeitada pela população devido a sua linguagem complexa. Assim, essa música foi designada apenas como “Hino da Proclamação da República”. Confira a letra abaixo:
Seja um pálio de luz desdobrado
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel, que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperanças de um novo porvir!
Com visões de triunfos, embale
Quem, por ele, lutando surgir!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz
Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis
Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro
Brilha, ovante, da Pátria no altar!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz
Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou neste audaz pavilhão!
Mensageiro de paz, paz queremos
É de amor nossa força e poder
Mas, da guerra, nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz
Do Ipiranga, é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado
Sobre as púrpuras régias de pé
Eia, pois, brasileiros, avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante
Livre terra de livres irmãos!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
A Proclamação da República no Brasil marcou uma virada significativa na história do país, delineando um novo rumo político e social que moldou a nação até os dias atuais.