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Professora integra projeto de U$ 6 bilhões

“Claro que nenhum de nós vai ficar rico indo para o Planeta Marte! Mas, aqueles que conseguirem chegar até o final da seleção serão..

Publicado: 24/02/2015 às 03h05
Atualizado: 28/04/2015 às 23h32

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O projeto foi fundado em junho de 2012 pelo holandês Bas Lansdorp, a Mars One se intitula como “uma organização sem fins lucrativos” que levará a humanidade à Marte

“Claro que nenhum de nós vai ficar rico indo para o Planeta Marte! Mas, aqueles que conseguirem chegar até o final da seleção serão os desbravadores – tal qual os pioneiros que chegaram para povoar o estado de Rondônia -, podendo alcançar uma morte horrível ou a glória de entrar para a história. Ir para Marte não é, nesse aspecto, só um desafio, é uma necessidade. Alguém tem que começar. Eu gostaria de ser uma dessas pessoas. Porém, estou ciente das dificuldades que podemos enfrentar. Afinal é uma viagem sem volta”. Essa declaração é de Sandra Maria Feliciano – professora do ensino superior, em Porto Velho, e a única brasileira a integrar um grupo com 100 pessoas selecionadas para participar do projeto Mars One.

O projeto foi fundado em junho de 2012 pelo empreendedor holandês Bas Lansdorp, a Mars One se intitula como “uma organização sem fins lucrativos que levará a humanidade à Marte. Mais de 200 mil pessoas de 140 países se inscreveram para fazer parte do grupo de primeiros colonizadores de Marte em uma viagem sem volta. O maior grupo de interessados vem dos Estados Unidos, com 24% das inscrições, que começaram em abril de 2013, até o momento, o Mars One conta com representantes – selecionados em quatro etapas – dos cinco continentes do Planeta Terra. Ou seja, são 39 das Américas, 31 da Europa, 16 da Ásia, sete da África e sete da Oceania. O projeto tem custo de US$ 6 bilhões (R$ 13,7 bilhões) e recebeu patrocínio de diversas empresas europeias e norte-americanas das áreas de engenharia, tecnologia e outras, além do apoio do vencedor do Prêmio Nobel de Física de 1999, o físico holandês Gerard ‘t Hooft.

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Sandra está entre os 100 finalistas da missão para Marte Roni Carvalho/Diário da Amazônia

ÚNICA DA AMAZÔNIA LEGAL

A professora Sandra agrega ao currículo mais uma singularidade: é também a única representante da Amazônia Legal. Numa entrevista coletiva, na manhã de ontem, ela disse que está ciente dos riscos que a missão oferece, “mas estou disposta a continuar no projeto, porque ele traz uma proposta inovadora para a ciência; não é mais uma missão de exploração. É uma missão que pretende colonizar outro planeta. O ambiente é inóspito, mas há tecnologia suficiente para garantir a sobrevivência do homem em Marte. Além do mais, toda equipe técnica envolvida no Mars One é altamente qualificada e apta para realizar a missão”, assegura.

Os candidatos ainda passarão por duas etapas e ao final, 10 casais serão formados e enviados para colonizar o planeta Marte. A viagem acontecerá em partes. Em 2016 serão enviados o satélite de comunicação e rovers – um veículo espacial para estudar as condições do planeta, se há água e a composição do solo. Entre 2018 e 2020 serão enviados os diversos módulos contendo alimentação, água, oxigênio, painéis fotovoltaicos e o restante dos equipamentos. Os rovers montarão parte dessas estruturas. Em 2022 sairão os casulos, que serão também os habitats, com aproximadamente 52m² para cada casal. O módulo contém quarto, sala, banheiro, aérea de hidroponia, higiene. Ao pousar no planeta vermelho esses módulos serão enterrados para impedir a incidência de radiação dentro dos habitats.

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Em 2022, serão envidados os casulos, com aproximadamente 52m² para cada casal com quarto, sala e banheiro

MÓDULOS DA MISSÃO MARS  ONE ESTÃO SENDO TESTADOS NA TERRA

Na quinta etapa do Mars One serão selecionadas 40 pessoas que serão treinadas pelo período de oito anos. Ao final, 10 casais serão formados e enviados para Marte. Segundo a professora Sandra, os módulos já estão sendo testados na Terra. Questionada sobre ser loucura a decisão de embarcar numa viagem científica sem volta, a futura astronauta disse que as pessoas devem ser inovadoras; devem buscar o conhecimento. “Não sou louca. Sou resiliente. Como professora incentivo os alunos a terem esse perfil. Então, o que ensino também faz parte da minha experiência de vida. Por que alguns estão dizendo que o que estou fazendo é loucura? Computo isso, ao fato de termos ainda muitas deficiências no processo educacional em nosso País, que não incentiva o aprendizado da ciência. Nós temos os piores índices de educação no mundo, nessa área. Outros países como a Inglaterra e os Estados Unidos tratam esse assunto com muita seriedade; porque lá as pessoas conhecem o suficiente de ciência para saberem que isso não é loucura. Por outro lado, analiso que o conhecimento científico é tão fantástico que às vezes, de fato, parece mágica”, alega Sandra.

A professora continua na disputa pela vaga de astronauta. De acordo com o cofundador e diretor-executivo da fundação Mars One, Bas Lansdorp, será a primeira vez que os humanos pisarão em outro planeta. “Como vocês sabem, a Lua não é um planeta”, disse Landsorp. Ainda segundo o diretor-executivo, o processo seletivo dos candidatos é importante para saber quem tem as qualidades certas para ir a Marte. “Continuo como candidata. Gostaria de levar um pouco da cultura brasileira para lá. Nossa cultura é riquíssima! Acho que eu poderia levar a música e a literatura. A culinária não, porque nós vamos ter uma comida diferenciada. Nunca mais vou comer feijoada, nem vatapá, nem acarajé. Gosto da música clássica, mas gosto muito de samba também. Mas, a gente tem que pensar que esse não é um projeto de um país. É um projeto da humanidade”, conclui.

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