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Quadrilhas estão mais sofisticadas

Delegado Morey, da Furtos e Roubos de Veículos, explica movimentação de organizações.

Publicado: 23/10/2015 às 05h05

Delegado Alessandro Bernadino Morey, da Especializada em Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores

Delegado Alessandro Bernadino Morey, da Especializada em Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores

As quadrilhas que atuam nos crimes de furtos e roubos de veículos automotores têm se apresentado cada vez mais ousadas com novas técnicas de atuações e sofisticação nos métodos de desarmes dos códigos de segurança que tentam blindar os patrimônios contra a ação da criminalidade. Porto Velho, palco preferido da bandidagem no Estado, tem sido também o cenário para o desenvolvimento de novas formas de ações policiais. Como conta o delegado Alessandro Bernadino Morey, chefe da Delegacia Especializada em Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores. Segundo ele, é preciso ficar mais atento, cada vez mais cuidadoso, quando se estaciona um veículo em espaço público, ou até mesmo quando se permanece estacionado. “O assaltante, ou ladrão, está sempre em alerta para o descuido da vítima”, notifica.

No início deste mês, o próprio delegado Morey foi alvo de um ataque organizado por puxadores de veículos. Ele explica que estacionava seu veículo nas imediações do prédio da Corregedoria da Polícia Civil, situada na avenida Farqhuar, quando apertou a trava e esta não respondeu. Percebendo que havia algo de errado, e já sabedor do famoso golpe “chapolin”, retornou e fingiu certificar-se de que as portas do carro estavam realmente fechadas. Subindo à calçada, percebeu que um moço, à sua frente, carregava em uma das mãos um controle de portão eletrônico. O delegado explica que este objeto permite bloquear a ação do controle remoto do carro, deixando este aberto para uma futura intervenção dos puxadores de veículos. Assim, o delegado abordou o homem e constatou que este havia tentado o golpe. Após consulta nos arquivos da polícia, constatou-se que o elemento tinha várias passagens pela polícia por prática de vários crimes.

Para o delegado, apesar da evolução por que passaram as ações criminosas no decorrer das últimas décadas, o que mais salva mesmo as vítimas é o cuidado maior com a segurança. E ele alerta para três pontos básicos que são de suma importância em prol de maior segurança contra os criminosos. “Cerca de 90% das pessoas que têm carros deixam a chave reserva, que vem de fábrica, no próprio porta-luvas do veículo. Fica muito fácil para o puxador de carros. Outra coisa é a exposição de objetos no interior deste, chamando a atenção para os conhecidos “ladrões de rua” que costumam quebrar os vidros e apanhar o que encontram. Em locais com pouca movimentação de pessoas, e com iluminação deficitária, é comum encontrarmos pessoas estacionadas durante horas. Isso é facilitar muito o trabalho da bandidagem”, comenta o delegado.

Novas tecnologias importadas facilitam ações da bandidagem

Sobre a sofisticação das ações criminosas no crime de furtos e roubos de veículos automotores, o delegado Alessandro Morey lembrou que estamos na era tecnológica. Então, é possível encontrar, em algum ponto da cidade, um indivíduo fazendo uso de um computador, ou aparelho celular adaptado, fingindo fazer uso de redes sociais ou trabalhos afins, quando na verdade este aguarda o momento propício para quebrar, ou interromper, o travamento da porta de um veículo escolhido (técnica chapolin). Isso também é feito com o uso de um controle de portão eletrônico.

Algumas quebras de travamentos de veículos acontecem com o auxílio das próprias oficinas que fazem a manutenção de equipamentos de segurança. Computadores de diagnósticos podem roubar dados e códigos de chaves. Atualmente, no Brasil, há muitos equipamentos fabricados na China que têm o propósito de quebrar senhas e códigos eletrônicos. Isso facilita a ação das quadrilhas.

O delegado Monrey faz uma ressalva para a falta das blitze policiais abrangentes. Segundo ele, em Porto Velho já foram localizados muitos veículos com placas clonadas. Estes carros são produtos de furtos que dificilmente serão detectados pelas blitze da “Lei Seca”. “Essas blitze focam muito mais o condutor que o veículo. Carros clonados, geralmente, também possuem documentação fria e, estas, são difíceis de se detectar. É preciso bem mais que uma simples conferência. Na maioria das vezes um especialista adultera o número do chassi e marca de vidros. Além do documento que é emitido no mesmo papel moeda de um original. Porém, este é roubado e o número de séria precisa ser conferido”, explica.

Ao finalizar, o delegado faz uma diferenciação entre dois tipos de puxadores de veículos que vem agindo na capital rondoniense. Segundo ele, há grupos que agem com mais inteligência, adulterando carros roubados e documentações. E também tem os grupos mais grosseiros. Os primeiros, contam com uma teia de armada que se estabelece dentro de uma cadeia de informações eficientes. Esta possui, dentre outros, integrantes até mesmo de organismos apropriados para o encaminhamento de documentos, como os despachantes. E as últimas, fazem uso apenas dos assaltantes que, após roubarem os veículos, já rumam para a fronteira do Brasil com a Bolívia, onde despacham seus produtos.

Rotinas e estratégias em lava-jatos

Ao fazer ressalva sobre as ações dos criminosos e a organização destes diante do cenário porto-velhense, o delegado da Furtos e Roubos, Alessandro Morey, lembrou que a maioria dos crimes está estabelecida em uma rede de informações que parte de princípios simples. Segundo ele, um dos caminhos tomados pelos puxadores de carros para conseguir êxito em suas ações faz uso dos pontos de lavagens de veículos, os conhecidos lava-jatos. E o delegado lembra que uma pessoa, ao deixar objetos no porta-luvas do carro, está passando muitas informações para os bandidos. Até mesmo anotações podem ser lidas e, posteriormente, vinculadas em pacotes que vão ajudar as quadrilhas em suas estratégias. “Há casos de roubos a estabelecimentos comerciais em que os bandidos ficaram sabendo de montantes recolhidos pelo empresários por que este deixou canhotos, ou recibos, no interior do veículos. Assim, assaltantes despertaram para a realização de um ataque”, informa.
O delegado Morey traçou uma rotina para mostrar como um crime de furto de veículo pode acontecer. Segundo ele, uma pessoa deixa o veículo em um lava-jato, esquece a chave reserva no porta-luvas, e o lavador passa a informação para um terceiro elemento que inicia o monitoramento. Em ocasião propícia, quando este carro fica estacionado em local tranqüilo, o puxador aparece e, arrombando os vidros, apanha as chaves e faz o furto com facilidade.

Por Da Silva Diário da Amazônia

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