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Publicado: 26/01/2024 às 11h24min

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Cinema Nacional merece atenção e destaque

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Há quem não goste do cinema brasileiro alegando que os filmes nacionais não têm qualidade, só sacanagem e palavrões. São opiniões fundamentadas, em sua maioria no “achismo” e no “não assisti e não gostei”. Para este público existe apenas o cinema de Hollywood, como a Sétima Arte não existisse em outros países e continentes. É uma visão equivocada, preconceituosa e pautada na ignorância.

Obviamente, não estou dizendo que os estadunidenses produzem apenas porcaria, pois é necessária uma reflexão bem criteriosa, pois Hollywood já produziu grandes obras primas, assim como a França, Espanha, Inglaterra, Itália e inclusive o Brasil, que assim como os países citados também realizou muito lixo. No entanto, até produções obscuras têm seu público.

Poderia citar centenas de longas-metragens brasileiros de ótima qualidade, com histórias cativantes, diretores, roteiristas e elenco de primeira linha. Filmes abordando temas cujo público se identifica. Por exemplo, as pessoas da chamada Terceira Idade são os personagens mostrados com sensibilidade no impecável “Chega de Saudade”, da cineasta Tata Amaral, a mesma do premiado “Bicho de Sete Cabeças”, com Rodrigo Santoro. “Chega de Saudade” é um filme-baile onde se passam as histórias que se entrelaçam através das músicas, assim como fez o italiano Ettore Scola no igualmente imperdível “O Baile”, que utiliza a música para marcar cada época e a passagem do tempo e contar 70 anos da história da Itália.

O futebol é outro tema amado pelos brasileiros. Pois é o tema do antológico “Boleiros”, era uma vez o futebol, do diretor e roteirista Ugo Giorgetti. As histórias que compõem o longa são contadas a partir do bate papo dos “boleiros” na mesa de um bar. Cada um conta os bastidores e também suas próprias trajetórias no futebol. O longa reúne comédia e drama na medida certa. Giorgetti dirigiu “Boleiros 2”, vencedores e vencidos, mas sem o mesmo brilho, encanto e charme do primeiro.

O cantor Wilson Simonal foi um fenômeno do cenário artístico musical brasileiro, que teve a carreira destruída por causa de uma acusação de que ele era um “dedo duro” que entregou os colegas para a Ditadura Militar. Até morrer ele fez de tudo para provar sua inocência. A história, ascensão e queda do artista é contada no longa-metragem “Simonal”, na impecável interpretação do ator Fabrício Boliveira. A produção realmente caprichou na reconstituição de época e na escolha do grande elenco para interpretar personalidades do meio musical, dentre eles, Erasmo Carlos, Carlos Imperial, Elis Regina, Ronaldo Bôscoli, Miele, César Camargo Mariano e por aí vai.

O jogo do bicho foi tema explorado na televisão com a realização da novela “Bandeira 2”, de Dias Gomes e protagonizada por Paulo Gracindo como Tucão e Felipe Corona no papel de Nico Sabonete, ambos bicheiros, amigos que se tornaram inimigos. A mesma história Dias Gomes levou para o teatro no espetáculo “Rei de Ramos”, com música de Chico Buarque e tendo mais uma vez Paulo Gracindo no papel principal. O cineasta Fábio Barreto, com roteiro de Jorge Duran, levou o mesmo enredo para o cinema, desta vez com o título “Rei do Rio” e mostrando a juventude, a amizade e porque se tornaram inimigos Tucão e Nico Sabonete, vividos respectivamente por Nuno Leal Maia e Nelson Xavier.

O diretor Sérgio Resende tem uma cinematografia de sucessos. Ele se notabilizou por levar às telas filmes com histórias baseadas em fatos. Lamarca, Tenório Cavalcante, Antônio Conselheiro e Mauá são algumas das personalidades da vida real, cujas trajetórias transformou em filme. O mais recente a entrar nesta galeria foi Tancredo Neves no longa-metragem “O paciente, o caso Tancredo Neves”, com brilhante atuação de Othon Bastos. O longa acompanha a agonia do presidente da República que adoeceu dias antes de receber a faixa presidencial de João Batista Figueiredo, o último presidente militar do regime ditatorial que durante 21 anos governou o Brasil.

Estes são apenas cinco bons exemplos do melhor do nosso cinema. São produções merecedoras de atenção, pois ficção ou com base em fatos, cada um deles mostra personagens e pessoas com as quais os espectadores podem se identificar.


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sobre Coluna Almanaque

Colaborador do Diário da Amazônia - Humberto Oliveira, jornalista, cinéfilo, colecionador de filmes, cds e livros.

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