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Publicado: 15/12/2023 às 12h19

Ótima biografia de um péssimo escritor de sucesso 

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Quem já leu os livros “Olga”, “Chatô”, “A Ilha”, “Corações Sujos”, todos do escritor Fernando Morais, sabe que ele é um dos melhores biógrafos brasileiros e que suas obras, em sua maioria, são muito bem pesquisadas e escritas. Este “O Mago”, que conta a história do “escritor” Paulo Coelho, por incrível que pareça, apesar das 610 páginas, tem lugar garantido na galeria das melhores biografias já publicadas no país.

Não sou fã de Paulo Coelho como escritor, talvez até lhe dê mérito como o letrista de pelo menos 40 composições, algumas em parceria com Raul Seixas, de quem o “mago” foi amigo. Mesmo não sendo fã, depois de ler algumas resenhas elogiosas sobre sua biografia, e pela demora da entrega de alguns livros, então resolvi dar uma oportunidade ao livro de Morais. Pois não é que gostei! Foi uma leitura rápida dos 30 capítulos do calhamaço.

Tudo bem que Paulo Coelho vendeu milhares de seus livros, recebeu inúmeras comendas, tem o reconhecimento internacional, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, está milionário, etc e tal, no entanto, seus livros não têm nada de extraordinário, são até mal escritos e repetitivos, porém, ele tem um público leitor fiel. No quesito determinação, dou meu aplauso para o autor de “Diário de um mago”, “O Alquimista”, “Brida”, dentre outros.

Por mais que o biógrafo seja um bom pesquisador, às vezes, algumas informações,  digamos, equivocadas acabam sendo publicadas. Por exemplo, o Fernando Morais cita a música “Da cor do pecado”, do compositor Bororó, que ele atribui como uma parceria com outro autor, no caso, Lamartine Babo. Errou, pois a música e letra são do primeiro. Noutro capítulo, Morais cita que “a atriz Sharon Stone, que fez o filme “Atração Fatal”,  é grande fã de Paulo Coelho”. Errou de novo. Quem atuou no longa citado foi a atriz Glenn Close e não Sharon Stone. Certamente, ele se refere à “Instinto Selvagem”, este sim, estrelado por Stone.

Morais não escreveu uma biografia chapa branca, ou seja, aquele tipo de biografia exaltando o biografado como se fosse um santo. Nada disso. O autor conta tudo e mostra as várias facetas do autoproclamado “mago”, com poderes de até fazer chover. Jura? O camarada passou por tantos altos e baixos na vida, inclusive internações em sanatório pelos pais, tentativa de suicídio, a obsessão de ser um autor reconhecido no mundo todo, os romances, a parceria e os conflitos com Raul Seixas, o sucesso como dramaturgo, o mergulho nas drogas, o misticismo, as jogadas de marketing, e por aí vai. Não é à toa que o livro tem 610 páginas para caber tantas histórias vividas por apenas um homem.