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Publicado: 24/11/2023 às 09h54min

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Clint Eastwood em dose dupla 

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Quando assisti “O Resgate do Soldado Ryan”, 1998, de Steven Spielberg, pensei que nunca mais veria outro diretor realizar um filme de guerra que o superasse. Em 2006, com as estreias de “A Conquista da Honra” e “Cartas de Iwo Jima”, ambos dirigidos por Clint Eastwood, constatei que estava enganado.

“O Resgate do Soldado Ryan” continua sendo um filme extraordinário, no entanto, a dupla jornada de Eastwood que conta a trágica batalha travada em Iwo Jima, tanto pelo ponto de vista dos norte-americanos quanto dos japoneses, que resultou, para dizer o mínimo, em duas obras primas cinematográficas.

Os três longas não se destacam apenas pelo apuro técnico ou as grandiosas e violentas cenas de batalhas. Não. O que chama a atenção e se sobressai é o lado humano dos homens que lutaram nos dois confrontos retratados em detalhes. O Dia D, a invasão da Normandia, que é o mote inicial de “O Resgate do Soldado Ryan” e a luta nas areias de Iwo Jima, tanto em “A Conquista da Honra” e “Cartas de Iwo Jima”. Três produções magistralmente dirigidas e retratadas por dois grandes mestres do cinema, Steven Spielberg e Clint Eastwood, respectivamente.

Para acompanhar, nada melhor que o ótimo livro no qual foi baseado um dos longas dirigidos por Eastwood. “A Conquista da Honra”, escrito por James Bradley, filho de um dos soldados retratados na famosa foto onde um grupo de seis rapazes erguem a bandeira dos Estados Unidos no alto do Monte Suribachi. O livro, como o filme, conta a história dos seis soldados.

Ainda Clint Eastwood

Herdeiro cinematográfico dos diretores Sérgio Leone e Don Siegel, o ator, produtor e cineasta Clint Eastwood aprendeu muito com estes dois mestres. Com o primeiro, a fazer grandes filmes de faroeste. Com o segundo, ele criou sua segunda persona, o implacável Harry Callahan da série de filmes protagonizados por Dirty Harry.

Em 1985, muito tempo antes dos Oscar por “Os imperdoáveis”, Eastwood realizou o faroeste “O cavaleiro solitário” (Pale rider). Uma mistura do faroeste “Os brutos também amam”, de George Stevens, com “O estranho sem nome”, do próprio Eastwood, que no longa interpreta, mais uma vez, um homem misterioso que aparece do nada para ajudar um grupo de mineradores oprimido por um homem muito rico e cheio de capangas perigosos. Ele quer expulsar os mineiros para ficar com as terras e o ouro que lá tiver.

Muita ação marca este western temporão. Além de Eastwood, o elenco conta com Michael Moriarty, da série “Lei e ordem”, Richard Kiel, o famoso Dentes de aço, vilão dos filmes de 007 com Roger Moore. Tem ainda um jovem e magrelo Chris Penn, já falecido. “Cavaleiro solitário” diverte e tem um ótimo duelo final com um xerife e seus implacáveis assistentes, mortos um por um pelo personagem de Eastwood.

Os assistentes e o xerife mercenário usam longos casacos marrons, como aqueles usados pelos pistoleiros de “Era uma vez no Oeste”, de Leone. De “Os brutos também amam”, o filme de Eastwood traz algumas referências, como a mulher do mineiro que se apaixona pelo desconhecido. A menina que o ama e admira e ainda o assassinato do mineiro em plena rua da cidade. São cenas e situações que remetem ao clássico de George Stevens.

Filmes dialogam e Eastwood homenageia seus mestres e filmes clássicos do gênero western.


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sobre Coluna Almanaque

Colaborador do Diário da Amazônia - Humberto Oliveira, jornalista, cinéfilo, colecionador de filmes, cds e livros.

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