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Publicado: 14/11/2023 às 09h35min

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Gonçalo Júnior, o biógrafo dos esquecidos e do famigerado

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Meu primeiro contato com a obra do escritor Gonçalo Júnior, foi por meio do livro “Os pais da TV”, lançado em 2001. O livro traz entrevistas com 16 personalidades da televisão brasileira. A obra conta em suas 399 páginas os 50 anos de história do veículo no país.

Apesar de mais de 30 livros publicados, somente em 2014 teria novamente o prazer de ler mais uma obra de Gonçalo, o maravilhoso “Quem samba tem alegria”, a biografia do compositor Assis Valente, um dos mestres da chamada Era de Ouro do Rádio. O livro, em suas mais de 600 páginas, conta a vida, a obra e o tempo do autor de músicas fundamentais, dentre elas, “Boas festas” (“Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel”), “Cai cai balão”, “Alegria”, “Boneca de pano”, “Brasil pandeiro” e “Camisa listada”, “Recenseamento”, “Uva de caminhão”, “E o mundo não se acabou”, entre tantas outras.

Talentoso, incompreendido, Valente encontrou em Carmen Miranda sua maior intérprete. Apesar de autor de importantes clássicos da nossa música, Assis Valente era um homem atormentado e tentou suicídio três vezes. Nas duas primeiras não conseguiu. Porém, logrou êxito quando tentou pela terceira vez. Sentou no banco de uma praça e depois de horas, bebeu guaraná com veneno.

Minuciosamente pesquisada e com um texto enxuto e trazendo informações da vida e da obra do compositor, “Quem samba tem alegria”, é uma das melhores e mais importantes biografias de um artista brasileiro.

Apenas três anos depois, vejam só, me deparo com mais uma biografia escrita por Gonçalo. “Pra que mentir – Vadico, Noel Rosa e o samba”. Vadico, antes deste livro revelador, mesmo sendo parceiro importante de Noel Rosa, sempre esteve à sombra do Poeta da Vila, mas Gonçalo Júnior traz o músico à luz, para variar com seu texto primoroso. A trajetória de Vadico remete a vida de outro gênio esquecido, Newton Mendonça, parceiro de Tom Jobim em jóias como Caminhos cruzados.

Gonçalo Júnior é mesmo incansável. Ainda em 2017, também pela editora Noir, o autor lança “Eu não sou lixo: a trágica vida do cantor Evaldo Braga”, uma figura emblemática da música popular brasileira, que em apenas três anos e dois lps lançados, alcançou o sucesso. Como Assis Valente, Evaldo viveu sob o peso dos traumas de infância. Ele superou a pobreza, ficou famoso, mas teve pouco tempo para aproveitar o tão almejado sucesso. Braga morreria em 1973, num trágico acidente automobilístico. Neste livro revelador, Gonçalo Junior conta a desconhecida trajetória de Evaldo Braga, o menino pobre criado na Funabem, e faz justiça ao talento perene do cantor que continua a encantar gerações.

Em 2020, mais uma biografia. Desra vez do genial Jacob do Bandolim, Gonçalo, mas um ano antes, saiu “Famigerado – a história de luz vermelha”. A obra conta em detalhes a história de João Acásio Pereira da Costa, bandido que aterrorizou São Paulo nos anos de 1960. A obra é o relato impressionante e revelador de uma mente perturbada. Mais um trabalho deste grande escritor, jornalista, e pesquisador nas áreas do cinema, imprensa, música e histórias em quadrinhos.

Autor de mais de 30 livros, Gonçalo Júnior nasceu em Guanambi, Bahia. Iniciou a carreira jornalística na década de 1980. Trabalhou em vários jornais baianos e também no Diário de São Paulo. Colaborou na Playboy, Folha de São Paulo, Bravo!, Como escritor, ganhou quatro vezes o Troféu HQ Mix. Em 2011, seu livro “Alceu Penna e As Garotas do Brasil: Moda e Imprensa – 1933 a 1975” foi escolhido como a melhor biografia no Prêmio Jabuti de Literatura.

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sobre Coluna Almanaque

Colaborador do Diário da Amazônia - Humberto Oliveira, jornalista, cinéfilo, colecionador de filmes, cds e livros.

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