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Publicado: 05/10/2023 às 11h43min

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Quando um livro é uma aula de cinema 

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Lançada em 1967, a primeira edição do livro Hitchcock/Truffaut contemplava a produção de Hitchcock até Cortina rasgada, seu quinquagésimo filme. Para a edição de 1983, Truffaut acrescentou um capítulo com os últimos anos e filmes do cineasta – feito com base na correspondência trocada entre eles.

No Brasil, o livro foi publicado pela primeira vez nos anos 80, e logo passou a ser disputado em sebos e bibliotecas. Com nova tradução e projeto gráfico, centenas de imagens e um prefácio inédito do crítico e professor Ismail Xavier, a edição lançada em 2004 é um documento único da história do cinema.

Durante as décadas de 50 e 60, quando François Truffaut idealizou e realizou a série de entrevistas que resultaram neste livro, Alfred Hitchcock (1899-1980) era visto – sobretudo nos Estados Unidos – como um cineasta mediano e comercial. No entanto, para cineasta francês – e para os jovens diretores e críticos da revista Cahiers du Cinéma -, Hitchcock estava entre os maiores cineastas de todos os tempos, ao lado de nomes como Jean Renoir, Federico Fellini, Ingmar Bergman e Luis Buñuel.

Com o objetivo de mudar a opinião dos críticos americanos – e com o imperioso desejo de “consultar o Oráculo” -, Truffaut propôs ao diretor inglês que respondesse quinhentas perguntas sobre sua obra e carreira. Nesta extensa conversa, Hitchcock comenta detalhadamente sua produção, desde os primeiros filmes mudos feitos na Inglaterra até os coloridos e sonoros de Hollywood, falando sobre a concepção de cada obra, a elaboração do roteiro, as circunstâncias, as inovações e os problemas técnicos, a relação com os atores.

O diálogo entre os dois diretores permite ao leitor acompanhar não apenas a evolução da obra do cineasta inglês, mas a própria história do cinema.

Hitchcock/Truffaut sempre será uma obra imprescindível para cinéfilos, pesquisadores, historiadores, estudantes de cinema e até para roteiristas e diretores, fãs ou não do mestre do suspense Alfred Hitchcock, que aliás provou ser muito mais que este rótulo, que de forma alguma traduz a essência da vasta filmografia do diretor inglês.


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sobre Coluna Almanaque

Colaborador do Diário da Amazônia - Humberto Oliveira, jornalista, cinéfilo, colecionador de filmes, cds e livros.

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