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Publicado: 02/08/2023 às 07h06
Atualizado: 29/07/2023 às 13h07

Ciranda de livros

Confira a coluna

As biografias focadas na música popular brasileira são as minhas prediletas. Às vezes, na maioria dos livros abordando determinados períodos, invariavelmente, os temas e pessoas se repetem, pois os personagens de uma obra acabam citados ou aparecem nas outras.

A biografia “Roberto Menescal, um arquiteto musical”, sobre este ícone, não apenas da Bossa Nova, mas da música brasileira, cita, obviamente, outras personalidades do meio artístico, que fazem parte da trajetória e carreira de Menescal. Por exemplo, Ronaldo Bôscoli, seu parceiro e amigo. Bôscoli aparece por inteiro na ótima biografia “A Bossa do Lobo”, de Denilson Monteiro, que também escreveu a não menos sensacional biografia de “Dez, nota dez, eu sou Carlos Imperial”, produtor, compositor, agitador cultural responsável pelo início da carreira de grandes nomes.

Erasmo Carlos é um deles. O eterno parceiro de Roberto Carlos, tem sua própria autobiografia “Minha fama de mau”. Outra cria de Imperial, o inesquecível Wilson Simonal, nada menos que dois ótimos livros sobre ele – “Nem vem que não tem, a vida e o veneno de Wilson Simonal”, de Ricardo Alexandre, e “Simonal, quem não tem swing morre com a boca cheia de formiga”, de Gustavo Alonso. E por aí vai.

A ciranda de referências continua. Na biografia de Menescal, também são mencionados Elis Regina, Nara Leão, Carlos Lyra, Miele, Raul Seixas, Maysa, Simonal, entre outros. Todos esses também ganharam livros e biografias. Elis Regina, no mínimo três, sendo a melhor “Nada será como antes”, de Júlio Maria. Neste livro também são citados todos os relacionados acima, acrescentando Jair Rodrigues, parceiro de Elis no Fino da Bossa. Aliás, tanto Jair como o programa também contam com livros sobre eles.

Por falar em Elis, não dá para não citar Ronaldo Bôscoli, primeiro inimigo, depois marido, depois inimigo de novo. Bôscoli foi noivo de Nara, retratado na ótima biografia escrita por Sérgio Cabral, o pai. Mas Bôscoli ficou com Maysa, cuja biografia “Só numa multidão de amores”, de Lira Neto, conta tudo e mais um pouco. Um excelente livro. Ah, Nara empatou com Elis em termos de biografias. A musa da Bossa Nova tem três livros contando sua história.

Além da excelente “Nada será como antes”, a grande intérprete conta com mais três obras biográficas. “Elis Regina, uma biografia musical”, de Arthur de Faria. “Elis e eu, 11 anos e 6 meses e 19 dias com minha mãe”, de João Marcelo Bôscoli e “Furacão Elis”, de Regina Echeverria, sendo o primeiro livro sobre a cantora. Ela é citada por César Camargo Mariano, seu segundo marido, na sua autobiografia “Solo”. Ah, não poderia deixar de mencionar “Elas e eu, memórias de Ronaldo Bôscoli”, escrito por Ângela Chaves e Luiz Carlos Maciel, que obviamente dedica um capítulo à Elis.

A musa da Bossa Nova também tem sua história contada em pelo menos quatro livros. “Nara Leão: trajetória, engajamento e movimentos musicais”, de Daniel Lopes Saraiva.  “Nara Leão, uma biografia”, de Sérgio Cabral, pai. “Ninguém pode com Nara Leão”, de Tom Cardoso e “Nara Leão, a musa dos trópicos, de Cássio Cavalcante”.

Não poderia esquecer o talentoso Carlos Lyra. Parceiro de Bôscoli, amigo de Menescal e personagem da autobiografia “Eu e a Bossa”, livro no qual faz seu acerto de contas e cita todo mundo acima. Além, óbvio, de contar sua carreira artística. Tem ainda o maluco beleza Raul Seixas, que trabalhou com Menescal quando este era diretor da Philips ou Polygram e deu a Raul a chance de deixar de ser um executivo para ser produtor e enfim, para sua carreira como pai do rock nacional. O resto é história.

Na equação poderia entrar Nelson Motta, jornalista, produtor e compositor. Motta conviveu com todo esse pessoal, inclusive Vinicius, Jobim, Caymmi, e até produziu um disco e teve um caso com Elis, Tim Maia, do qual se tornaria biógrafo no polêmico “Vale tudo, o som e a fúria de Tim Maia”. Haja fôlego, disposição e coragem.

Simonal, Bôscoli, Elis, Nara, Maysa, Tim, Raul, Miele e Imperial morreram. Porém, deixaram seus respectivos legados, fornecendo material mais que suficiente para historiadores, pesquisadores, jornalistas, biógrafos escreverem teses, artigos, crônicas, biografias sobre cada uma dessas feras. Menescal e Lyra ainda estão vivos e plenamente ativos. Isso é muito bom. Ambos têm muita lenha para queimar.

Cito o saudoso Luiz Carlos Miele. Não era compositor, fingia que cantava e atuava, mas entrou para a história da música brasileira como um dos maiores produtores, inclusive pela realização, criação e direção de shows e espetáculos antológicos. Miele formava um trio com Bôscoli e Menescal. No livro biográfico “Poeira de estrelas”, com seu bom humor peculiar, Miele conta muitas histórias envolvendo todos os artistas aqui citados, mencionados e relacionados, mas nada picante ou polêmico.

Finalmente, mas não menos fundamental, destaco o jornalista e biógrafo Ruy Castro com sua contribuição ao escrever a biografia definitiva da Bossa Nova, na obra prima “Chega de saudade, a história e as histórias da Bossa Nova” e ainda “A Noite do meu bem, a história e as histórias do samba canção” e “Carmen, uma biografia”.