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Editorial

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Publicado: 10/06/2019 às 09h41min | Atualizado 11/06/2019 às 09h28min

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É por isso que não temos um Prêmio Nobel

Tida como prioridade durante as campanhas eleitorais e esquecida depois que o eleito toma posse, a educação no Brasil, assim como o..

Tida como prioridade durante as campanhas eleitorais e esquecida depois que o eleito toma posse, a educação no Brasil, assim como o samba, agoniza, mas não morre, similar ao que afirma Nelson Sargento em um de seus sambas antológicos. No palanque, todo candidato tem o antídoto para curar a educação brasileira, que encontra-se morimbunda desde que Sebastião José de Carvalho e Melo, o “Marquês de Pombal” (1699-1782), o todo poderoso ministro de D. José I (1750-1777), rei de Portugal, arrumou uma briga com os jesuítas a fim de encontrar um pretexto para expulsar os religiosos da colônia portuguesa incrustada nos trópicos.

Nessa época a educação em Portugal era dominada quase que em exclusivo pela Companhia de Jesus e outras congregações religiosas. Em 1759, com a reforma Pombalina para a educação, os jesuítas foram expulsos de todo o território português. Essa medida tresloucada representou um desastre sem igual na educação em Portugal, e principalmente no Brasil. Os jesuítas forneciam educação gratuita a cerca de 20 mil alunos, tendo praticamente o monopólio da educação não superior. Para se ter uma ideia, Portugal só voltou a ter este número de alunos no início do século XX.

O Brasil, com a expulsão dos jesuítas, ficou um século na total escuridão sem ter em seu solo uma unidade escolar, sequer. Desde essa época a educação passou a ser um privilégio das famílias ricas. Só quem tinha posses conseguia contratar um professor particular para educar os filhos na própria casa ou na fazenda. Outros iam estudar fora do país.

Séculos depois o país ainda se recente dessa medida extrema, motivados por questões políticas que nem o Marquês de Pombal, os novos governantes fazem de tudo para sucatear a educação no país, principalmente a superior, responsável pela formação crítica dos futuros cidadãos. Guardadas as proporções, percebe-se que o atual governo brasileiro tem engatilhada uma medida que pode ser comparada a tomada por Pombal. E o anúncio foi feito pelo próprio ministro da Educação, em um evento com os presidentes da faculdades particulares. Na ocasião, ministro Abraham Weintraub disse que o governo precisar investir na educação superior particular.

Nada contra esse apoio desde que ele não inviabilize o ensino superior público que já vive à míngua, praticamente sem recursos para projetos de extensão e desenvolvimento de pesquisas. Como o país quer produzir ganhadores do Prêmio Nobel se ele fecha as portas para a universidade pública, indo na contramão do que acontece em outros países.


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