Tarifa Zero – Um desafio e uma oportunidade para Porto Velho

Nos últimos anos, o debate em torno da Tarifa Zero nos transportes públicos tem ganhado destaque em diversas partes do mundo, e o Brasil não ficou à margem desse movimento. Atualmente, 90 cidades já adotaram a gratuidade universal nos sistemas de ônibus, ou implementaram o passe livre em algumas linhas e horários. É um avanço notável que transcende ideologias, encontrando espaço em gestões de diferentes espectros políticos, inclusive na direita e no empresariado dos transportes.

O sonho que um dia foi considerado utópico ganha força, e o tema tem potencial para se tornar central nas eleições municipais deste ano. Este deveria ser um dos temas centrais para os futuros candidatos à Prefeitura de Porto Velho se debruçarem, por ser uma proposta transformadora, que pode impactar positivamente a vida de milhares de cidadãos.

Revisitando a história, lembramos do esforço de Luiza Erundina, então prefeita de São Paulo pelo PT, que, na virada da década de 1980 para 1990, ousou propor a Tarifa Zero para a maior cidade da América Latina. Embora a proposta tenha sido inviabilizada pela oposição na época, ela deixou uma semente plantada. O município de Conchas, no interior paulista, tornou-se pioneiro ao adotar a gratuidade nos transportes públicos em 1992, abrindo caminho para experiências semelhantes em todo o país.

Entre 2012 e 2020, o número de cidades experimentando a Tarifa Zero aumentou de 16 para 33. E nos últimos três anos mais de 50 cidades adotaram a medida, promovendo uma revolução silenciosa no modo como encaramos o transporte público. Grandes centros urbanos, como São Paulo, Belo Horizonte, Cuiabá e Fortaleza, agora debatem seriamente a implementação da Tarifa Zero. E porque não Porto Velho, também?

Os benefícios dessa medida transcendem a mera economia financeira para os usuários. Representa um passo significativo em direção à equidade social, permitindo que pessoas de todas as classes socioeconômicas tenham acesso facilitado aos meios de transporte público. Isso não apenas reduz a desigualdade, mas também contribui para a melhoria da qualidade de vida da população, possibilitando a integração efetiva das comunidades.

Além disso, a Tarifa Zero pode ser um impulso à economia local. Ao eliminar o custo do transporte público, as pessoas têm mais recursos para investir em outros setores, movimentando o comércio e gerando empregos. É sem dúvida uma medida que fortalece a infraestrutura econômica da cidade.

No entanto, é pertinente também abordar os desafios associados à implementação da Tarifa Zero. Questões como financiamento, sustentabilidade e a manutenção da qualidade do serviço precisam ser cuidadosamente consideradas. Neste sentido, os futuros candidatos à Prefeitura de Porto Velho devem estar preparados para elaborar propostas concretas e sustentáveis, levando em conta as especificidades locais.