Porto Velho/RO, 26 Março 2024 00:04:52

Carlos Sperança

coluna

Publicado: 04/02/2017 às 06h10min

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A explosão migratória I

Em meados da década de 70, o Território Federal de Rondônia contabilizava 111 mil habitantes. Numa surpreendente reviravolta, em menos..

Em meados da década de 70, o Território Federal de Rondônia contabilizava 111 mil habitantes. Numa surpreendente reviravolta, em menos de uma década, atingiria uma população de 500 mil, impulsionado por projetos de colonização do Incra, do garimpo do ouro e da cassiterita, pela exploração da madeira e de um dos maiores deslocamentos de contingentes humanos já registrados no planeta.

Desde os anos 70, Rondônia despertava curiosidade lá no Oeste paranaense. Nos colégios se tomava conhecimento de colegas com suas famílias trocando Cascavel por Ji-Paraná. As toras de madeira oriundas de Rolim de Moura – grossas e enormes – pareciam ser de outro mundo. A explosão de Ariquemes, Cacoal e Vilhena também chamava a atenção. Caravanas inteiras de colonos se formavam para chegar à terra prometida, o que poderia durar até 20 dias, tamanho os atoleiros da BR-364.

As primeiras notícias do antigo território este colunista recebeu através dos jornais O Parceleiro (Ariquemes) e O Guaporé (Porto Velho) levados por migrantes sulistas.

A explosão Migratória II

A partir de Cascavel e região, milhares e milhares de paranaenses, gaúchos e catarinenses, através de longas jornadas de ônibus, de caminhão e utilitários se moviam para Rondônia. Concorria ao fantástico surto migratório os anúncios do empresário Assis Gurgacz, até então proprietário de uma pequena empresa de ônibus, no programa de maior audiência da região, do sertanejo Darci Israel, na Rádio Colmeia.

A pedido do seu Assis, Darci Israel falava de uma nova Canaã, uma terra de leite e mel, da facilidade de acesso aos módulos rurais. Com isto, Seu Assis turbinou a migração da região Sul para cá de tal forma que o Centro de Triagem de Migrantes chegava a registrar no acesso ao portal da Amazônia em Vilhena mais de 60% de migrantes paranaenses no final dos anos 70 e início dos anos 80.

Neste contexto, no início dos anos 80, Rondônia chegou aos 500 mil habitantes, quintuplicando a população em apenas uma década, e já se preparava para a transformação do território em Estado.

A explosão migratória III

A curiosidade deste que vos fala já estava aguçada para conhecer Rondônia quando recebeu o convite para participar da implantação do jornal Estadão, em Porto Velho, em 1980. Decidi acompanhar este fenômeno migratório, pedindo uma licença do jornal e da emissora de rádio onde atuava no Paraná por 30 dias. Queria participar da epopeia da criação do primeiro jornal no sistema off set do território e logo em seguida voltar aos pagos paranaenses.

Acompanhar este fenômeno migratório motivou minha permanência na região e alguns anos depois me honrou também a participação no processo de implantação deste Diário da Amazônia, já em 1993. Mas jamais poderia imaginar que o novo ciclo de migração voltasse a ocorrer por aqui. Mas com a construção das usinas, em três anos Porto Velho angariou mais de 100 mil moradores, e o Estado hoje atinge a marca dos dois milhões.

Ao completar 37 anos de Rondônia, relato aos caros leitores o olhar de um migrante, que como tantos outros, veio repleto de expectativas, de sonhos e de esperanças.


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sobre Carlos Sperança

Um dos maiores colunistas político do Estado de Rondônia. Foi presidente do Sinjor. Foi assessor de comunicação do governador José Bianco entre outros. Mantém uma coluna diária no jornal Diário da Amazônia.

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