Porto Velho/RO, 27 Março 2024 14:32:40

Carlos Sperança

coluna

Publicado: 07/08/2023 às 09h53min | Atualizado 07/08/2023 às 09h55min

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Temos uma certa tradição em RO das crias políticas se voltarem contra seus criadores e devorá-los

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Pés no chão

A cada crise, ilusões de grandeza são vendidas à população com base na ideia passiva de que o futuro será automaticamente melhor explorando algumas matérias-primas. Aumentar a produtividade gasta neurônios e unir a nação em um projeto de nação descontenta as bases ansiosas por brigas e eleições. É mais fácil supor que a magia extrativista por si só vai resolver os problemas.

Assim foi com a borracha, que funcionou duas vezes sem que o Brasil usasse as riquezas que ela gerou para estruturar a sociedade. Com o Nióbio sequer funcionou, porque o mercado dessa matéria-prima é estável. A ilusão de que as reservas na Amazônia seriam a redenção nacional se desfez na falta de viabilidade comercial.

A tese do Nióbio como salvação antecipou a ilusória crença na cloroquina, que vem desde o século XIX sem comprovações efetivas. De resto, o Brasil já explora bem o Nióbio, regulado pela família Moreira Salles (Itaú) e interesses chineses, japoneses e coreanos, que exploram as mais rentáveis minas brasileiras. 

Pés no chão, realmente, estão na bioeconomia. Há pouco, o vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, assinou contrato para fazer do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), em Manaus, uma organização social a ser gerida pela Fundação Universitas. Não foi mágica: o arranjo permite agilidade na obtenção de recursos para viabilizar os melhores projetos baseadas na biodiversidade. 

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União de esforços

Depois que o governo Lula ter emitido sinais de que a obra da recuperação da Br 319, que liga Porto Velho a Manaus seria prioridade, com a licitação das duas pontes que desabaram no ano passado, o que se concluiu das declarações recentes do presidente é que a coisa será procrastinada. Será preciso uma baita união de esforços das bancadas federais do Amazonas, Rondônia, Acre e Roraima para pressionar as esferas federais para a reconstrução da estrada. Os governos Dilma, Temer e Bolsonaro (até o mito que reina entre garimpeiros, madeireiros e fazendeiros amarelou) catimbaram a 319 e o que se vê é Lula já seguindo o mesmo caminho.

Um prêmio

Chama atenção também o propósito do governo federal estimular um prêmio para os municípios que menos desmatam na região amazônica. Porto Velho, sem dúvidas, terá dificuldade em conquistar o prêmio já que está na lista dos campeões de desmatamento, principalmente por causa da região da Ponta do Abuna, na divisa com o Acre e Amazonas. No Amazonas, o município de Apuí, colonizado por migrantes rondonienses é outro caso terrível de desmatamento e neste ano as queimadas já demonstram claramente a situação naquela região. 

As crias políticas

Temos uma certa tradição em Rondônia das crias políticas se voltarem, contra seus criadores e devorá-los. Vejam os casos de governadores, sendo que Valdir Raupp devorou Jeronimo Santana, Ivo Cassol que superou José Bianco, Marcos Rocha que foi secretário de Confúcio e se adonou do governo estadual já em dois mandatos. Vejam que no PSDB, o prefeito de Porto Velho Hildon Chaves, cria de Expedito Junior engoliu seu mestre com farofa e tudo. Expedito acabou exilado no PSD, partido hoje sem senador e tampouco deputado federal. Tem como liderança, apenas o deputado Laerte.

Obras federais

Com mando político em Rondônia das esferas federais o senador Confúcio Moura (MDB), recebe nesta terça-feira os ministros dos Transportes Renan Filho e dos Portos e Aeroportos Marcio França, para vistoriar obras de recuperação da BR-364, assinar protocolo de restauração de 500 kms da rodovia e inaugurar um porto fluvial em Guajará Mirim. Em Rondônia, como se sabe, os petistas não apitam e se comparecerem aos eventos programados, não serão protagonistas. Renan dará coletivas em Itapoã do Oeste e Guajará Mirim, assim como Marcio França. Boas oportunidades para apertar os ministros sobre a BR-319 cada vez mais catimbada pelo governo federal.

A fiscalização

Quando deputados estaduais e vereadores de Porto Velho fiscalizam obra, seja do colapso na saúde ou o caos da segurança pública na capital as ações assumidas são dignas de registro. Foi o caso da deputada estadual Taissa Souza (Guajará Mirim) que inspecionou as péssimas condições de atendimento do Hospital João Paulo II, lotado de pacientes pelos corredores que despertam pena como pardais sem ninho ou andorinhas com as asinhas quebradas e cheias de dor. Ela constatou o que o povão sofre também com as condições sanitárias. Não é difícil verificar ratazanas perambulando por lá. É coisa de louco!

Via Direta

*** O MDB de Porto Velho, que tem no comando o deputado estadual Jean de Oliveira, pretende ampliar a bancada do partido na Câmara de Vereadores da capital *** Por esta razão já trabalha para atrair novos quadros e definir uma nominata expressiva de candidatos do partido *** Com o bolsonarismo rondoniense rachado para as eleições municipais e mais ainda para reeleição ao governo e  ao Senado em 2026, os petistas vão se animando para os futuros embates *** Explica-se a mudança ideológica do deputado estadual Crispin que está mudando de partido: ele tem base numa região bolsonarista, e nesta condição não poderia permanecer numa legenda de esquerda como o PSB *** Com isto a agremiação ficou acéfala na ALE-RO.


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sobre Carlos Sperança

Um dos maiores colunistas político do Estado de Rondônia. Foi presidente do Sinjor. Foi assessor de comunicação do governador José Bianco entre outros. Mantém uma coluna diária no jornal Diário da Amazônia.

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